
Ao mesmo tempo, a realização do I Colóquio  pretendeu abrir um espaço propício para fomentar o debate instaurado em  torno de problematizações e temáticas que podem ser suscitadas ou  alimentadas pelo vasto legado deixado por Michel Foucault, o que se  desdobra na realização desta segunda edição. Além dos Programas de  Pós-Graduação em Educação, em História e em Filosofia, envolvidos na  primeira, agora também se juntam neste esforço coletivo o Programa de  Ciências Sociais e o de Psicologia.
De modo que, neste II Colóquio,  a proposta é refletir sobre a infância e diferentes modos de concebê-la  em nossa sociedade. Busca-se por em foco saberes e práticas sobre a  infância, indagando-a como algo que se inventa, como uma construção  histórica em suas múltiplas formas.
A  infância, entendida como uma invenção moderna, ocupa espaços sociais –  da mídia, da medicina, da psicopedagogia, do consumo, da pedagogia, da  psicologia, da literatura, entre vários outros –,  de modo que sua  existência é atravessada por processos de acumulação de saberes sobre o  corpo, o desenvolvimento, as capacidades, as vontades, as tendências, as  brincadeiras, as fragilidades, as vulnerabilidades, os instintos, as  paixões e potências infantis que, por sua vez, se acoplam a práticas  discursivas e não discursivas em que tais saberes se imbricam em  mecanismos de poder, cujo resultado acaba sendo a produção de uma  infância governada, segundo normatividades da sociedade que se  empreende.
Nessa  perspectiva a infância deve ser conduzida, segundo modelos  estabelecidos científica e institucionalmente, consubstanciando uma  concepção que é parametrada e, ao mesmo tempo, também é parâmetro de  políticas educativas, políticas de conhecimentos, legislações,  estruturas e funcionamentos de escolas para crianças e de toda uma rede  de instituições que as acolhem, fabricando-se, assim, uma infância  pautada na continuidade cronológica, no tempo como sucessão e sequência  de etapas do desenvolvimento.
Pensar  a infância, problematizando-a como uma invenção, permite perceber sua  construção histórica como categoria das ciências do homem e a forma como  ela é engendrada no contexto social moderno. Neste sentido, pensar com  Foucault possibilita ver, desde essa perspectiva administrativa, o que  se está fazendo da infância e com a infância em nosso tempo presente. 
Não obstante, Foucault não ter desenvolvido uma teoria da infância,  uma  formulação conceitual sistemática do tema, há em sua obra chaves  de compreensão com as quais se pode descortinar modos diferentes de se  pensar as formas dessa administração infantil, fornecendo pistas para  concebê-la como produção histórica, construção cultural e, portanto,  desvinculada de definições estáticas, naturalizantes e essencialistas.
Local do Evento
Universidade Federal de Uberlândia
Av. João Naves de Ávila, 2121
Campus Santa Mônica - Bloco 3Q
38400-902 - Uberlândia/MG
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