O Greenpeace, organização global e independente que atua para defender o meio ambiente e promover a paz, lançou o relatório Agricultura tóxica: um olhar sobre o modelo agrícola brasileiro. Diversos especialistas da área acadêmica e científica participaram relatório com artigos técnicos, entre eles: Karen Friedrich, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz) e coordenadora do GT Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco); Gerd Sparovek, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo; Walter Belik, Economista da Universidade de Campinas; Arilson Favareto, Sociólogo da Universidade Federal do ABC; Aline do Monte Gurgel, Biomédica, Mestre e Doutora em Saúde Pública pela Fiocruz; e Gabriel Fernandes e Paulo Petersen, da Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa. Segundo o relatório, nosso modelo de produção, distribuição e comercialização de alimentos está totalmente distorcido. Produz muito, mas não produz comida saudável e ao alcance de todos. Baseado no uso intensivo de agrotóxicos, esse sistema causa sérios impactos no meio ambiente e na saúde da população.
Além de trazer um panorama sobre a agricultura brasileira, o relatório apresenta os novos testes toxicológicos realizados em diversos alimentos comuns da dieta dos brasileiros. É fato: estamos comendo comida com veneno todos os dias. A conjuntura política atual piora muito o cenário. Agendas como a de meio ambiente e de direitos sociais viraram moeda de troca barata para a permanência do presidente no cargo, mantida graças ao apoio da maior frente parlamentar do Congresso Nacional, a bancada ruralista, e na linha de frente desta ofensiva está o incentivo ao uso de mais agrotóxicos na produção de alimentos, resultando, invariavelmente, em mais veneno no nosso prato e no de nossas crianças.
Foram analisados mamão-formosa, tomate, couve, pimentão verde, laranja-pera, banana-prata, banana-nanica, café, arroz integral, arroz branco, feijão preto e feijão-carioca. Mais da metade das cinquenta amostras continha resíduos de agrotóxicos, sendo que foram detectadas substâncias proibidas para determinados alimentos e pesticidas acima do limite permitido por lei. Como se não bastasse, foram detectadas substâncias banidas em outros países e também um agrotóxico proibido no Brasil.
Além de mostrar as consequências desse problema, tanto no meio ambiente como na saúde das pessoas, o documento traz uma análise sobre a forma de se produzir alimento no Brasil. O agronegócio depende totalmente do uso de agrotóxicos, e tenta transformar a natureza em indústria, esgotando o solo, contaminando os cursos d’água, acabando com a biodiversidade e contribuindo para o aquecimento global. No final desse processo, o resultado também está em nosso prato. Essas substâncias acabam indo para a mesa do brasileiro, na sua comida, dos seus filhos e da sua família.
Mas o relatório do Greenpeace não mostra apenas problemas. Propõe soluções para mudar essa realidade. O primeiro passo para traçar este o caminho é assinar a petição pela Política Nacional de Redução de Agrotóxicos, a PNARA. Ela já é um projeto de lei (6670/2016) e aguarda pela instalação de uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados para ser analisada. Aderir à PNARA é trabalhar por um futuro justo e saudável, em que nossas crianças não precisem mais comer comida com agrotóxicos.
Leia aqui a matéria na íntegra.