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quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Seminário Internacional encerra atividades debatendo experiências viáveis de desmedicalização


Experiências viáveis e seguras de desmedicalização psiquiátricas foi o tema em debate no último dia de atividades do seminário Internacional A Epidemia das Drogas Psiquiátricas: Causas, Consequências e Alternativas, realizado, na ENSP/Fiocruz, durante três dias (30 e 31/10 e 1º/11), e que contou com a participação de diversos palestrantes nacionais e internacionais detentores de experiências e evidências científicas concretas de alternativas viáveis e seguras à desmedicalização. Coordenada por Francisco Netto, coordenador executivo do Programa Álcool, Crack e outras Drogas (PACD) da Fiocruz, a mesa contou com a participação de três grandes nomes: Robert Whitaker, Laura Delano e Jaakko Seikkula. O evento internacional teve coordenação do pesquisador Paulo Amarante, do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da ENSP/Fiocruz.

Robert Whitaker iniciou sua fala citando um pouco do que foi discutido nos dois primeiros dias do evento e fez o questionamento de como estamos nos unindo para falar sobre o uso das drogas psiquiátricas. “É importante, por exemplo, entender os diferentes panos de fundo culturais para discutir essa questão. No Brasil, o sistema de saúde mental – cuidado comunitário – é um exemplo. Houve a retirada dos manicômios e a chegada dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Esse progresso ajudou muito os usuários. Aqui vocês fazem tudo muito bem e a medicalização que vem dos Estados Unidos ameaça essas conquistas. Na Finlândia, por exemplo, o Diálogo Aberto vem de uma abordagem psicoterapêutica. O que eu quero dizer com isso é que se queremos mesmo mudar precisamos entender o contexto do outro”, ponderou ele.

Jaakko Seikkula citou que a questão do diálogo aberto está batendo a porta. Segundo ele, adotar a prática dialógica de respeitar outro, sem condições, provou ser uma tarefa desafiadora. “O Diálogo Aberto enfatiza a importância da nossa escuta cuidadosa de aceitar o outro sem condições. Adotar a prática dialógica é uma nova habilidade, onde podemos nos encontrar em diferentes papéis profissionais do que aqueles com os quais estamos acostumados a agir”, destacou ele.

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Laura Delano fez um relato pessoal sobre os anos em que foi violada e citou que muitas pessoas poderiam estar sentadas ali dando relatos ainda mais cruéis que o seu. “Eu fui durante muitos anos uma consumidora de drogas e serviços, então, a questão da retirada das drogas psiquiátricas mexe muito comigo. Hoje eu tento ajudar as pessoas a se absterem das drogas psiquiátricas. Nos últimos quatro anos muitas pessoas estão vendo que essas drogas não estão ajudando e pedem ajudar para sair delas, pois sozinhos não conseguem. E fundamental entender que é preciso parar de tomar essas drogas de forma segura. Hoje temos um coletivo de pessoas empoderadas que perceberam que precisamos uns dos outros para fazer isso. Eu já deixei as drogas há 7 anos, mas é um movimento complexo de muitos níveis. Aprendi a reduzir as drogas de forma lenta, e desta forma fui voltando a participar da minha própria vida.