A Biblioteca Nacional abriu , dia 5 de julho, a exposição Brasil Feminino, que reconstitui a saga da mulher brasileira dos tempos coloniais até os dias atuais. Por meio de 150 fotografias, jornais, revistas, pinturas e documentos raros selecionados no acervo da BN, a mostra traz as histórias de mulheres que, com seus trabalhos, suas ideias e crenças, vêm mudando a história do Brasil. “São histórias que se confundem com a própria história do Brasil”, afirma o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim.
De Mãe Menininha do Gantois, Clarice Lispector e Pagu a Zilda Arns, Ruth de Souza, Carlota Joaquina e Maria Leopoldina. De Maria da Penha, Bertha Lutz, Ana Maria Machado e Benedita da Silva a Hilda Hilst, Lygia Bojunga, Lygia Fagundes Telles e Fernanda Montenegro. Da tenista Maria Esther Bueno e a jogadora de futebol Marta à Seleção Feminina de Vôlei, medalha de ouro em Pequim. De Tônia Carrero, Norma Bengel, Marta Rocha, Maria Bethânia e Rita Lee à presidenta da República, Dilma Rousseff, estão todas lá.
A exposição, que vai até 26 de agosto, aborda cinco diferentes temas: a condição subalterna da mulher; a consciência política e luta dos direitos civis; a ação social e educação; o comportamento e, por fim, a atuação científica e cultural. Segundo a diretora do Centro de Referência e Difusão da Biblioteca Nacional, Mônica Rizzo, a mostra vai privilegiar os documentos de registro do cotidiano, como jornais e revistas. “A ascensão social da mulher é uma história a ser contada. Ainda faltam livros sobre o tema. Por isso, vamos mostrar essa trajetória com os jornais e as revistas, sendo, muitos destes, inéditos ao público”, afirma.
“Utilizando-se de elementos do universo feminino, a exposição guarda surpresas aos visitantes, que encontrarão experiências sensoriais para o tato, visão e audição”, revela Suely Dias, coordenadora de Promoção e Difusão Cultural, da FBN. Ela destaca também o livro Ordenações e leis do Reino de Portugal, de 1603, do acervo da Divisão de Obras Raras da Biblioteca Nacional – que demonstra a severidade no trato legal que as mulheres sofriam no século XVII –, e o jornal O sexo feminino – da pequena cidade Campanha, do sul de Minas Gerais, de 1873 – que defende mudanças em favor da igualdade –, são exemplos dos importantes registros escritos em exposição.
“Os periódicos foram o principal canal de comunicação do movimento feminista”, diz Marcus Venicio, curador da exposição, juntamente com Luciano Figueiredo. Além desses documentos, também compõe a mostra as pinturas de Debret e Carlos Julião, que retratam o cotidiano do espaço público do Brasil do começo do século XIX sem a presença de mulheres, apenas escravas.
“A exposição Brasil Feminino pretende celebrar o duro caminho de libertação da mulher brasileira, o seu deslocamento heroico do espaço doméstico, a que se recolhia, rumo ao espaço público, capitaneado tradicionalmente pelos homens”, explicam os curadores. A ideia é apresentar as diversas facetas da mulher brasileira e demonstrar a maneira pela qual ela conseguiu ascender socialmente, culminando com a eleição, em 2010, da primeira mulher a ocupar o a Presidência da República.
Brasil Feminino acontecerá no Espaço Cultura Elizeu Visconti, localizado no primeiro andar da Biblioteca Nacional (Rua México, s/nº - Centro – Rio de Janeiro). A entrada é franca e os horários de visitação são de segunda a sexta, das 10 às 17h, e aos sábados, domingo e feriados, das 12 às 17h. Também estão previstos debates e painéis no Auditório Machado de Assis durante os dois meses de exposição.