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terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Ex-presidente do BC, Armínio Fraga palestra sobre economia brasileira na FGV

A FGV Educação Executiva recebeu, no dia 20 de fevereiro, o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, para palestra sobre o tema “Economia Brasileira em Perspectiva Internacional”. O evento discutiu as perspectivas da economia brasileira no cenário internacional e  contou com a participação de João Barroso, diretor de Educação Executiva da FGV RJ e BSB e do Coordenador do MBA em Relações Internacionais, oferecido no Rio e Brasília, professor Oliver Stuenkel.
Em sua apresentação, Armínio Fraga abordou as escolhas de política econômica  feitas pelo Brasil  a partir da segunda metade do século XX e suas consequências. Ele lembrou a reunião de Breton Woods, ao término da Segunda Guerra, que culminou na criação do padrão-ouro e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Foi um momento propício (para o Brasil) para aceleração do crescimento, pois foi uma fase de industrialização, que tipicamente se cresce mais, de capitalização da economia. Mas o Brasil fez uma opção àquela altura, que era comum na região, por um caminho mais fechado. Ou seja, o Brasil se industrializou, mas foi uma industrialização para dentro, um modelo de substituição de importações diferente do que foi depois a escolha asiática”, destacou.
Ele acrescentou que a adoção desse modelo, do ponto de vista monetário e cambial, foi marcada pelo forte controle do câmbio e que foi desenhado com enorme ênfase em empresas e bancos públicos. Fraga citou a forte participação estatal nas mais diversas áreas da economia, como energia, telecomunicações, mineração, bancário, dentre outros.
O economista também comparou a situação econômica brasileira com a da Coreia do Sul. Nos anos 1960, a renda per capita do país asiático era praticamente a metade da verificada no Brasil. 50 anos depois, os coreanos têm rendimentos médios que chegam praticamente ao dobro  dos brasileiros.
“O que a Coreia fez? Em primeiro lugar, se educaram. A escolaridade média na Coreia é altíssima, chega a 14 anos. A nossa, bem mais baixa, deve estar se aproximando de nove. A qualidade da educação coreana é boa, enquanto a nossa deixa muito a desejar. Além disso, a Coreia poupou e investiu mais de 30% de seu PIB. Nós poucas vezes passamos de 20%. Aí não tem jeito, sem educar e sem investir ninguém cresce. Sem integrar com o mundo, menos ainda”, alertou.
Fraga também mencionou a crise recente, que envolveu aspectos econômicos, políticos, sociais e de valores. Ele falou também sobre o atual sistema político brasileiro, amplamente fragmentado e polarizado, mas que também carece de visão de futuro e de longo prazo.
Por fim, o ex-presidente do BC falou sobre o desafio de se promover um ajuste fiscal de grande magnitude e de qualidade. Segundo sua análise, as contas do governo federal estão péssimas, os estados também demonstram uma fragilidade extrema, exigindo cuidados urgentes.
“Nós deveríamos fazer um ajuste de pelo menos 5% do PIB. Para não fazer um ajuste desses, nós vamos ter que compensar com muita qualidade na formulação da política econômica e na construção de instituições. O quadro é dramático. Se nós somarmos, aqui no Brasil, a folha de pagamentos do governo como um todo, nós vamos ter aproximadamente 13,5% do PIB. Se somarmos esse número ao custo da Previdência no Brasil, privada e pública, nós temos mais 14,5%. O Brasil ainda é um país novo e gasta mais com previdência que países considerados velhos. Somados, dão 28%. Comparando com Chile, México e Colômbia, eles gastam de 8 a 10 pontos a menos que o Brasil”, alerta.
Além dessa questão, ele defendeu a criação de uma agenda de reformas para aumentar a produtividade no Brasil. Segundo sua análise, a atual infraestrutura do país é sofrível e é um aspecto chave para o país se integrar de forma mais satisfatória.
“Uma parte do problema está aí. Precisamos também revisar alguns aspectos das regras trabalhistas e o sistema tributário. Eu incluiria aqui, dando uma ênfase que desapareceu com o governo atual, infelizmente, o lado social e distributivo. O Brasil tem um bolsa-empresário de 7% do PIB, o que não faz o menor sentido. Empresariado bom não quer isso, ele quer uma economia arrumada, sistema tributário limpinho, simples. Mas aí nós temos uma economia toda engatilhada. Essa é uma área que precisa de atenção e o primeiro de qualquer lista seria eliminar esses subsídios indevidos”, defendeu.