A OAB/RJ sediou no dia 17 de agosto, o VII Seminário de Vitimologia. O evento debateu a situação de vítimas e o posicionamento humano em dois fatos que marcaram a história no último século: o Holocausto e a Ditadura Militar no Brasil. O seminário foi presidido pelo secretário-geral adjunto da Seccional, Wanderley Rebello de Oliveira Filho. Entre os palestrantes estavam: o presidente da Caarj Felipe Santa Cruz; o desembargador Eduardo Mayr; o historiador Fábio Koifman; o professor Jorge Josef e o psiquiatra Talvane Moraes.
O professor Jorge Josef, que coordenou o primeiro bloco do seminário com o tema “Holocausto: origem da Vitimologia”, explicou a criação da teoria da vitimologia que procura estudar os aspectos psicológicos, sociais, econômicos e jurídicos da vítima. Para ele é importante haver um entendimento das mudanças comportamentais que um conflito gera na sociedade. “Foi o judeu Benjamin Mendelsohn que citou o termo pela primeira vez. Ele contestava que o foco era sempre o criminoso e as vítimas acabavam sendo esquecidas. Sua intenção era que os dramas vivenciados pelas vítimas dos crimes fossem estudados e seus dramas reparados”, explicou.
O psiquiatra e advogado Talvane de Moraes disse que muitas vítimas do nazismo e também das ditaduras nos países da América do Sul diagnosticaram síndrome de stress pós-traumático por conta das perseguições, humilhações e maus tratos sofridos.
O presidente da Caarj, Felipe Santa Cruz, cujo o pai é desaparecido político, defendeu a abertura dos arquivos da repressão política em nome das vítimas e de suas famílias. Para ele não é possível preservar a democracia sem criar um esclarecimento completo sobre as circunstâncias que levaram ao desaparecimento de aproximadamente 200 pessoas.
“Não há democracia sem esclarecer o que aconteceu naquele período. Precisamos retirar o manto de obscuridade, que faz parecer que punimos merecidamente aqueles que se opuseram ao regime. O país precisa conhecer seu passado, preenchendo essas lacunas que existem", enfatizou ele, relembrando a Campanha pela memória e pela verdade, lançada pela OAB/RJ em abril deste ano.
No final de sua palestra Felipe Santa Cruz lembrou dos questionamentos feitos pelo escritor Marcelo Rubens Paiva., que também teve o pai desaparecido durante o período da Ditadura Militar. “O que existe no atual exército deste período? Não há porque se confundir a atuação de torturadores e de comandantes com o atual institucional das Forças Armadas. Trabalhamos com a ideia de que a democracia deve ser preservada e neste caso a democracia é tornar essas informações públicas”,concluiu