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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Lançamento do Livro Intramurus


Astrid Cabral integrou-se ao Movimento Madrugada por meio da sua confissão artística, mas sem se fundar nas noites da boemia. Assim ela converteu-se musa dos poetas do Clube. 

Bela e inteligente, precoce em suas atividades artísticas na produção de textos e na declamação de poemas, a demonstrar simpatia pelas novas correntes estéticas. Além da inserção de um discurso poético e percepção feminina, a obra de Astrid instaura, no contexto da poesia Madrugada, uma dicção poética mais intimista, reveladora de uma forte sensibilidade feminina. Mais que isso, sua obra é a revelação de uma nova percepção sobre a realidade local, um novo olhar sobre o tempo e o cotidiano, numa tentativa de recuperação do passado.

É verdade, entretanto, que embora Astrid Cabral dê a seus textos uma conotação mais subjetiva, não se desvincula de sua realidade, continua ligada ao universo regional. Daí a presença, em seus textos, da água, da terra, da natureza, do ciclo da vida em seu contínuo arrastar-se, deixando para trás a matéria impalpável das lembranças, tudo permeado por uma forte atmosfera intimista. Não é sem razão que todas as utopias se projetam no futuro. Já o presente é o dado, o palpável, o futuro próximo, que, se não encontra sua justificação no passado, pelo menos se explica a partir dele. 

O mundo real permeia a obra de Astrid Cabral desde os contos de Alameda (1963). À visão lírica, a contemplação da natureza, legítimas quanto sejam como fonte de poesia, ela prefere o olhar atento e minucioso para romper a casca da aparência sob a qual tudo se esconde. Em Intramuros, que a Editora Valer lança em segunda edição ampliada com poemas novos, muitos ainda inéditos, a poeta não postula uma simples nulificação do presente, porque o presente, mais que o passado vivido ou a memória, é sua matéria, e há na sua obra um permanente sentido de presença.
 
Sobre a autora
Astrid Cabral Félix de Sousa nasceu a 25 de setembro de 1936 em Manaus, onde fez os primeiros estudos e integrou o movimento Clube da Madrugada. Transferiu-se para o Rio de Janeiro, diplomando-se em Letras Neolatinas na atual UFRJ, e mais tarde como professora de inglês pelo Ibeu. Lecionou língua e literatura no ensino médio e na Universidade de Brasília, onde integrou a primeira turma de docentes. Depois Astrid virou o mundo em sua carreira diplomática e se especializou em teoria literária como professora de nível superior. E nunca mais abandonou a poesia, nem a poesia a abandonou. Em 1968 ingressou por concurso no Itamaraty, tendo servido como Oficial de Chancelaria em Brasília, Beirute, Rio e Chicago. Ao longo de sua vida profissional desempenhou os mais variados trabalhos, fora e dentro da área cultural. Detentora de importantes prêmios, Astrid participa de numerosas antologias no Brasil e no exterior e colabora com assiduidade em jornais e revistas especializadas.
Obras publicadas: Alameda (1963); Ponto de Cruz (1979); Torna-viagem (1981); Zé Pirulito (1982); Lição de Alice (1986); Visgo da Terra (1986); Rês desgarrada (1994); De déu em déu (1998); Intramuros (1998); Rasos d’água (2003); Jaula (2006); Ante-sala (2007); Antologia pessoal (2008); 50 poemas escolhidos pelo autor (2008); Doigts dans l’eau (2008); Cage (2008);