O FGV Social divulgou, no dia 20 de março – Dia Internacional da Felicidade estabelecido pela ONU –, a pesquisa “Como vai a vida?: Entendendo a economia da felicidade”. O levantamento inédito mostrou, a partir dos microdados do Gallup World Poll e nacionais, que o brasileiro está no seu menor nível de felicidade. Em uma escala de 0 a 10, o brasileiro deu uma nota de 6,2 à sua satisfação com a vida em 2018. É o ponto mais baixo das séries iniciadas em 2006. A queda começa em 2013, ano das manifestações de rua brasileiras quando a nota média era 7,1.
Comparando o Brasil com outras 143 nações, o país apresenta uma das três piores quedas globais e ocupa o 37º lugar no biênio 2017-2018. O pódio é formado pelos países nórdicos: Finlândia, Dinamarca e Noruega; ricos e igualitários. Já os lanternas globais foram: Tanzânia, Iêmen e Afeganistão; países não só pobres como instáveis. Em relação aos vizinhos sul americanos, Chile e Uruguai estão à frente do Brasil, mas Colômbia e Argentina estão atrás (veja o gráfico interativo). Em 2013-2014 o Brasil era o 17º no ranking global a frente de todos os vizinhos sul americanos. O que chama mais a atenção nessas estatísticas é a perda brasileira de posições no ranking de felicidade nos últimos quatro anos. No ranking da perda de felicidade no período, o Brasil está ao lado do Iêmen e atrás apenas de Malawi e Zimbawe em termos de perda de felicidade presente.
Entre os brasileiros, quem teve a maior queda de felicidade? Há inversão da felicidade por gênero: em 2018 os índices femininos estão acima dos masculinos (o FGV Social mostrou em pesquisas anteriores que a renda das mulheres subiu 2% e a dos homens caiu 5% desde 2014). A relação entre renda e felicidade é clara na foto e no filme: nota 7 para os 20% mais ricos contra 6,2 para o total. Ainda olhando para a renda, o grupo que menos perdeu foi o de maior renda consistente com aumento de desigualdade.
Para Marcelo Neri, diretor do FGV Social, apesar da pior nota de felicidade da série histórica, a colocação brasileira ainda é boa quando comparada ao nível de renda (37º de 143 países): “Já havia uma retomada da economia, ainda que tímida; e mesmo assim a nota de felicidade continua caindo; isso é explicado por diversos aspectos como o aumento da desigualdade e do desemprego, além das piores notas apresentadas na pesquisa anterior do FGV Social – Percepções da Crise (medo da violência, desconfiança no governo federal, desaprovação da liderança política do país etc.). Por conta da baixa nota que o brasileiro deu à sua satisfação com a sua vida em 2018, talvez agora seja mais fácil dar um choque de confiança e sair dessa crise. A única vantagem de estar em uma situação de muita desconfiança é que você pode melhorar - se fizermos, claro, os ajustes necessários”.
No site da pesquisa “Como vai a vida?: Entendendo a economia da felicidade” disponibiliza uma série de materiais: textos, slides, mapas e gráficos interativos, vídeos e o simulador de felicidade; além de materiais extras como livros e outras pesquisas.