O debate sobre o uso da eletroconvulsoterapia, fomentado a partir da Nota Técnica n.11/2019, do Ministério da Saúde, que apresentou a “Nova Política de Saúde Mental”, motivou a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz) a discutir o assunto à luz da ética do cuidado. Para isso, o Ceensp recebeu o doutor em Psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro Nelson Goldenstein e a professora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Saúde Mental e Atenção Psicossocial (Laps) Ana Paula Guljor para detalhar o tema. O evento foi coordenado pelo pesquisador Paulo Amarante, coordenador do Laps/ENSP.
“O Eletrochoque foi banido no contexto de uma psiquiatria áspera, rude. Havia um caráter punitivo. A prática clínica mostra que o período de adoecimento esquizofrênico é de grande sofrimento, com incidência de agressão, suicídio e quase sempre os pacientes não falam desse aspecto por vergonha”, afirmou o psiquiatra da UFRJ.
Para ele, a ECT deve ser revista com base no respeito ao indivíduo, na perspectiva da ética do cuidado. “Acho justificável pensar no eletrochoque em determinadas condições. Isso não quer dizer que sairemos prescrevendo para todos. Na medida que isso vem sendo desestigmatizado, há exagero. E às vezes, com interesses comerciais, sem critérios da literatura, pode haver exagero nas medicações”