Um estudo que visa identificar o efeito da qualidade das práticas de governança corporativa nas configurações e valores da remuneração dos executivos foi apresentado durante a “7th International OFEL Conference on Governance, Management and Entrepreneurship – 2019”, realizado nos dias 5 e 6 de abril, em Dubrovnik (Croácia). De autoria de Giselle Cilaine Ilchechen Coelho, egressa do Mestrado Executivo em Gestão Empresarial (MEX), e dos professores da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (FGV EBAPE), Joaquim Rubens e Felipe Buchibinder, o trabalho é intitulado “Effects of the Corporate governance practices on the executive compensation”.
De acordo com a Teoria da Agência, as boas práticas de governança corporativa contribuem para reduzir as assimetrias de informação entre acionistas e administradores e, consequentemente, o potencial de oportunismo gerencial, reduzindo a necessidade de incentivos para alinhar interesses.
Neste sentido, o estudo elaborou três hipóteses relacionando a qualidade das práticas de governança corporativa das empresas com os valores de remuneração dos executivos, o gap de conformidade e a participação do CEO em relação aos demais membros da empresa. Essas hipóteses foram verificadas por empresas listadas Bolsa de Valores brasileira, caracterizadas pelo predomínio da participação concentrada.
Com base em uma amostra de 174 empresas com maior liquidez, representando cerca de 40% do universo, e utilizando como variáveis de controle o porte da empresa e seu setor de atividade, não foram observados efeitos significativos da qualidade de governança sobre a remuneração, estrutura de participação executiva ou na participação do CEO na totalidade do C-Level. No entanto, foi observada uma relação significativa entre a qualidade da governança e o cumprimento de boas práticas de remuneração, evidenciando um menor gap de conformidade.
Os resultados do estudo contribuem para a literatura de governança e remuneração de executivos apontando falhas potenciais na teoria da agência e assimetrias de informação como justificativa para práticas de remuneração de executivos.