Talvez em nenhuma outra época tenha havido tamanha sintonia entre cinema brasileiro e bilheteria. As atrizes frequentavam o imaginário popular. Os nomes dos filmes mereciam prêmios de criatividade. E os cartazes eram um atrativo à parte. As pornochanchadas, que lotavam as salas nos anos 1960 e 1970, ganham até dia 22 uma mostra na Caixa Cultural,Centro-RJ.
Muitas das produções pegavam carona em sucessos, como "A banana mecânica" ("Laranja mecânica") e "Nos tempos da vaselina" ("Grease - Nos tempos da brilhantina"). A mostra 20x Pornochanchada traz alguns clássicos do gênero, como "Amada amante", "A super fêmea", "Convite ao prazer", "Ainda agarro essa vizinha" e "Giselle".
Junto com a exibição de 20 filmes será inaugurada uma mostra de 33 cartazes - 13 deles do ilustrador Benício, o grande homenageado, que participou de debate no dia 17, às 19h. Na sexta, tem a mesa-redonda "Pornochanchada - Paixão nacional". A ideia da mostra é do documentarista Alfeu França e da designer gráfica Giselle Macedo. França lamenta que a pornochanchada seja hoje desprezada.
- Ela raramente entra nas discussões. Parece que o cinema das décadas de 1960 e 1970 foi só Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos. Teve gente que não quis emprestar filmes e cartazes - diz ele, sem revelar nomes. - Vários diretores, atores e produtores disseram: "Não, meu filme não é pornochanchada."
Divas e galãs
O primeiro critério de escolha dos filmes foi a presença das divas do gênero, como Vera Fischer, Helena Ramos, Adriana Prieto, Aldine Müller, Rossana Ghessa, Nicole Puzzi e Matilde Mastrangi. Também estão os dois principais galãs: David Cardoso e Carlos Mossy. A mostra vai até o início dos anos 1980, quando a pornochanchada vira sexo explícito. E não entraram filmes que tiveram dinheiro da Embrafilme. A pornochanchada surgiu em plena ditadura militar.
- Ela era cômoda para a ditadura. Era uma diversão de massa, com filmes sem debate de ideias - diz França.
