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domingo, 29 de maio de 2011

Mostra Saul Steinberg. As Aventuras da Linha


O Centro Cultural do Instituto Moreira Salles no Rio de Janeiro abriu, em 28 de maio (sábado), às 17h, a exposição Saul Steinberg: as aventuras da linha, com 111 desenhos do consagrado artista gráfico e cartunista, a maior parte deles pertencentes ao acervo da The Saul Steinberg Foundation. A mostra, organizada em parceria com a Pinacoteca do Estado de São Paulo, tem curadoria da historiadora Roberta Saraiva e apresenta obras produzidas por Steinberg entre as décadas de 1940 e 1960. Para essa exposição, 43 trabalhos foram restaurados. Na tarde de abertura, no IMS-RJ, os cartunistas Ziraldo e Jaguar e o designer gráfico Kiko Farkas participaram de uma mesa-redonda para debater a importância da obra de Steinberg.
Em Saul Steinberg: as aventuras da linha, serão apresentadas obras que destacam o momento em que Steinberg se torna um artista internacional. Para isso, foram escolhidos trabalhos que fizeram parte de três importantes exposições: a primeira, Fourteen Americans, coletiva organizada pelo MoMA, em 1946; a segunda, uma mostra individual inaugurada em Nova York, em 1952, nas galerias Sidney Janis e Betty Parsons; e a terceira, uma exposição montada pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp), também em 1952. Segundo a curadora Roberta Saraiva, “Aqueles que só conhecem o Steinberg da New Yorker ficarão surpresos com a exposição”.

Saul Steinberg ficou conhecido por, usando às vezes uma única linha, questionar em seus desenhos o papel das rotinas, a vida que levamos. A exposição revela ainda um pouco da lógica do trabalho do artista: o aspecto “serial” de sua criação. “Steinberg costumava trabalhar um tema ou motivo até esgotá-lo, produzindo longas séries de variações gráficas”, explica Roberta Saraiva. A mostra reúne, portanto, um número generoso de cowboys, trens, monumentos fictícios, pássaros, gatos e bichos sem nome, mulheres em casacos de pele, desfiles, desenhos de arquitetura, bombardeios e falsos documentos (passaportes e diplomas com assinaturas ilegíveis, selos e carimbos que Steinberg colecionava).

Em Saul Steinberg: as aventuras da linha, também serão expostos os desenhos murais que o artista criou para a Trienal da Milão, de 1954. São quatro desenhos em rolos de papel em formato ousado e proporções arquitetônicas que até então nunca foram expostos em conjunto: A linha, com 10 metros de comprimento, Tipos de arquitetura, com 7 metros, Litorais do Mediterrâneo, com 5 metros, e Cidades da Itália, com 3 metros. Todos possuem cerca de 45 cm de altura. Também integram a mostra dois trabalhos com inspiração brasileira: Pernambuco, uma mistura de personagens, bichos e motivos locais; e Grande Hotel de Belém, ambos realizados não propriamente no Brasil, mas a partir de desenhos de anotação e de cartões-postais colecionados por Steinberg durante uma viagem pelo país em 1952.
A exposição Saul Steinberg: as aventuras da linha ficará aberta ao público no IMS-RJ até 21 de agosto e, no dia 3 de setembro, segue para a Pinacoteca do Estado de São Paulo.
STEINBERG NO BRASIL

Essa será a segunda vez que a obra de Steinberg será exposta no Brasil. Em setembro de 1952, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugurou uma exposição individual do artista, com uma variação da mostra inaugurada em Nova York, em janeiro do mesmo ano, nas galerias Sidney Janis e Betty Parsons. A vinda da obra de Steinberg ao Brasil na década de 1950 foi possível pela amizade do artista com Pietro Maria Bardi, então diretor do Masp, e os irmãos Cesare e Victor Civita. Bardi, assim como Steinberg, havia colaborado, na década de 1930, com a revista Il Settebello, quando ambos ainda moravam na Itália. É dessa época também a aproximação de Steinberg com os irmãos Civita, que atuavam no mercado editorial italiano. Anos mais tarde, Cesare se tornou agente de Steinberg. Foi ele quem agenciou as primeiras publicações de desenhos de Steinberg em revistas, como a The New Yorker. Foi devido a Cesare também que a revista carioca Sombra publicou uma seleção de desenhos de Steinberg, reproduzidos na capa e no miolo do seu primeiro número, em 1940. Foi a primeira revista do mundo a publicar um desenho de Steinberg em sua primeira página.

CATÁLOGO SAUL STEINBERG: AS AVENTURAS DA LINHA E LIVRO REFLEXOS E SOMBRAS



Neste mesmo dia da abertura da exposição, foi lançado o catálogo com as imagens que fazem parte da mostra. Além disso, serão publicados pela primeira vez os desenhos que Steinberg fez sobre o Brasil. O artista veio para a abertura de uma exposição simultânea no Masp com sua esposa, a pintora Hedda Sterne, em 1952, e viajou por Aparecida, Petrópolis, Salvador, Recife, Belém e Manaus, além de Rio de Janeiro e São Paulo, sempre registrando suas impressões em pequenos cadernos. No catálogo, a curadora Roberta Saraiva e o ilustrador Daniel Bueno fazem um diário de viagem de Steinberg no Brasil, tendo como base esses desenhos, assim como cartões-postais, bilhetes de viagem e outros itens, todos pertencentes ao acervo da biblioteca Beinecke, da Universidade de Yale.
O catálogo traz ainda um texto do crítico de arte Rodrigo Naves; uma entrevista de Steinberg cedida a Grace Glueck; um perfil do artista por Adam Gopnik, publicado na revista The New Yorker logo após a sua morte, em 1999; e um texto de 1952 do então professor da FAU-USP, Flavio Motta, publicado no jornal Diário de São Paulo, por ocasião da primeira mostra de Steinberg no Brasil.

LIVRO REFLEXOS E SOMBRAS


Além do catálogo da mostra, o Instituto Moreira Salles lança Reflexos e sombras, livro de memórias de Saul Steinberg. A publicação nasceu de longas conversas entre o desenhista e o escritor e amigo italiano Aldo Buzzi, que depois as transcreveu e editou. O livro é dividido em quatro capítulos, nos quais Steinberg descreve as lembranças de sua infância na Romênia e de sua família; a viagem a Milão em 1933, onde estudou arquitetura e viveu sob o fascismo; sua emigração para os Estados Unidos em junho de 1942 e suas impressões sobre o país; e suas reflexões sobre a própria arte e o mundo artístico em geral.
Reflexos e sombras foi publicado pela primeira vez na Itália, em 2001, pela Adelphi Edizioni, seguida das edições francesa e alemã. A edição inglesa foi publicada pela Random House (2002), e, agora, pelo IMS, tem sua primeira versão em língua portuguesa, com tradução de Samuel Titan Jr. A edição brasileira é a única amplamente ilustrada, com 63 imagens.
SOBRE SAUL STEINBERG
Saul Steinberg nasceu em 15 de junho de 1914, no lugarejo romeno de Râmnicu-Sarat. Seis meses mais tarde, sua família mudou-se para Bucareste, onde Steinberg passou toda a infância e a adolescência. Depois de um ano na Universidade de Bucareste, onde estudou filosofia e literatura, Steinberg foi para Milão, onde viveu por oito anos e graduou-se em arquitetura. Na cidade italiana, começou a publicar desenhos na revista satírica Bertoldo, o que lhe valeu certa fama – em 1940, por exemplo, publicou alguns desenhos na revista Sombra, do Rio de Janeiro.
Em 1941, sob a ameaça do fascismo de Mussolini, Steinberg deixou a Itália, chegando aos Estados Unidos via Santo Domingo. Naturalizado em 1943, serviu na marinha americana em missões na China, na Índia e na Itália. Em 1944, casou-se com a pintora Hedda Sterne e estabeleceu-se em Nova York, onde obteve sucesso imediato, publicando prolificamente nas principais revistas do país, com destaque para a longa colaboração com a revista The New Yorker.
Steinberg compilou boa parte de sua produção em livros de desenhos que se tornaram clássicos do gênero, como All in Line (1945), The Art of Living (1949), The Passport (1954), The Labyrinth (1960), The Inspector (1973) e The Discovery of America (1992). Ao mesmo tempo, realizou muitas exposições nos Estados Unidos e no exterior – inclusive no Brasil, onde exibiu seus desenhos no Museu de Arte de São Paulo em 1952. Sua obra foi tema de duas grandes retrospectivas: Saul Steinberg (1978), no Whitney Museum, e Illuminations (2006), na Morgan Library, ambos em Nova York. Saul Steinberg morreu em Nova York em 1999.

SAUL STEINBERG: AS AVENTURAS DA LINHA
Abertura: 28 de maio de 2011, às 17h (mesa-redonda com Jaguar, Ziraldo e Kiko Farkas: lugares limitados)
Exposição: de 29 de maio a 21 de agosto de 2011
De terça a sexta, das 13h às 20h
Sábados, domingos e feriados, das 11h às 20h
Entrada franca
Classificação livre
De terça a sexta, às 17h, visita guiada pelas exposições. Ponto de encontro na recepção.
Visitas monitoradas para escolas: agendar pelo telefone (21) 3284-7400.
Instituto Moreira Salles – Rio de Janeiro
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Tel.: (21) 3284-7400