O Senac Rio Fashion Business chega à sua 18ª edição com o objetivo de estimular um novo debate sobre o mercado da moda, incentivando a economia criativa, com a valorização do produto artesanal, sustentável e tipicamente brasileiro. Esta proposta vai permear as atividades e ações do evento, que abriu em 24 de maio e vai até o dia 27 do mesmo mês, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, e traz como tema a Trans-Formação (cultural, econômica e profissional), com foco na necessidade de valorização do capital humano em tempos de evolução constante de ferramentas e conteúdo de TI. “O artesanato é a nova alta costura”, diz Eloysa Simão, diretora geral do evento que, nesta edição, contará com investimentos da ordem de R$ 16 milhões.
Durante os quatro dias de Senac Rio Fashion Business estarão reunidos 310 expositores e 20 mil lojistas credenciados, dos quais mil são compradores VIPs. A previsão é de receber 60 mil visitantes.
Dezessete grifes apresentarão suas coleções em passarelas localizadas na Marina da Glória e em pontos históricos e turísticos da cidade. Carlos Miele, Patricia Viera, Santa Ephigenia, Maria Filó, Giulietta, Lix, Victor Dzenk, Mara Mac, Francesca Romana Diana, Mary Zaide, Cholet, Sacada, Cavendish, Barbara Bela, Afghan, Oh, Boy! e Addict são as marcas. A abertura do evento será realizada no dia 23 de maio, às 17h, no Copacabana Palace, com desfiles de Patricia Vieira e Carlos Miele.
“O mercado fluminense de moda envolve mais de 40 mil estabelecimentos e gera 187 mil empregos formais. No estado do Rio, o comércio é o maior empregador do mercado da moda, sendo responsável por quase 108 mil postos de trabalho. Estes dados mostram a importância econômica e a relevância social deste segmento, justificando a presença do Sistema Fecomércio-RJ nesta 18ª edição do Senac Rio Fashion Business”, observa Orlando Diniz, presidente do Sistema Fecomércio-RJ.
Trans-Formação é o tema da 18ª edição do Senac Rio Fashion Business
Nesta edição, o Senac Rio Fashion Business propõe uma reflexão sobre a formação técnica e acadêmica dos profissionais, além da integração de carreiras aparentemente dissociadas da moda. “A única forma que temos de nos preparar para a enorme concorrência que o mercado mundial promoverá nos próximos anos é investir na inteligência e na criatividade, cercando-nos de pessoas preparadas tanto na área da moda, quanto nas áreas de convergência com o setor”, diz Eloysa Simão. Para a idealizadora da maior bolsa de negócios da América Latina, o avanço da tecnologia não desvaloriza o homem, mas cria novos tipos de cargos. A moda, por sua vez, demanda mão-de-obra especializada e formação científica de seus players. A economia criativa ganha relevância não só na conjuntura nacional, mas também no grande evento de negócios de moda no Rio, que contará com dois lounges voltados para esta nova forma de trabalho, unindo artesanato, design e tecnologia a serviço da produção.
Lounge de Economia Criativa e Solidária
Grande mote do evento, a economia criativa e solidária terá um espaço exclusivo para que o conceito que vai nortear toda esta edição do Senac Rio Fashion Business tenha o devido destaque. Quatro organizações mostrarão seus trabalhos, com foco na moda sustentável e criativa: Ciclo Ambiental, Projeto Rio EcoSol, Redeiras e As Charmosas.
A Ciclo Ambiental, por exemplo, desde 2003, busca viabilizar formas de produção de roupas e acessórios (bolsas e calçados) de baixo impacto ao meio ambiente, desde a elaboração do fio (que tem como matéria-prima a garrafa PET) até o produto final. Durante o evento, a empresa vai mostrar sua primeira coleção completa com vestidos, bermudas, camisetas, bolsas e calçados sustentáveis. Todos com design e conforto, graças à utilização de tecnologia de ponta. “Transformar uma garrafa PET em fibra de poliéster requer muita tecnologia. Além disso, queremos mostrar que a moda sustentável pode ter um acabamento impecável e ser bonita”, ressalta Isabele Delgado, de 38 anos, idealizadora da Ciclo Ambiental. Ela lembra ainda que, por serem duráveis, os modelos são bastante atemporais. Além da garrafa PET transformada em fibra de poliéster, a coleção tem material orgânico, couro vegetal, bordados e formas de tingimento mais artesanais para mostrar as possibilidades do tecido. A empresa, que funciona num casarão antigo da década de 30 em Santa Teresa, vai aproveitar o Senac Rio Fashion Business para ingressar definitivamente no mundo fashion, com a expectativa de firmar novas parcerias durante o evento.
A ONG As Charmosas, que atuou com grande sucesso na edição passada do evento, está de volta. Um grupo de 15 mulheres do Engenho da Rainha, no Rio de Janeiro, faz do artesanato uma fonte de renda. Elas se reúnem todos os dias para produzir bolsas, camisetas e bijuterias, utilizando fuxico (um tipo de bordado) e sementes. Os produtos são geralmente vendidos em feiras de artesanato e pequenos eventos. Na sede da ONG, os integrantes do grupo – a mais velha tem 80 anos – reservam um dia na semana para passar o conhecimento do bordado às crianças da comunidade. Para a ONG, um espaço no Fashion Business representa uma boa oportunidade para a comercialização formal de seus produtos.
Lounge do Artesanato Brasileiro
No lounge Artesanato Brasileiro, uma galeria de artes organizada pela jornalista e consultora de moda Cristina Franco vai mostrar que o artesanato e a manualidade brasileiros tem alto padrão de qualidade (ambos são feitos à mão, mas o artesanato tem valor cultural agregado, como a renda de bilros, por exemplo, enquanto a manualidade não tem necessariamente valor cultural). O objetivo é sensibilizar as pessoas sobre as dimensões do Brasil e trazer à tona discussões sobre gargalos no diálogo entre a cadeia têxtil e a cadeia de serviços artesanais no país. “Queremos mostrar que o artesanato é a nossa identidade, tem a cara do Brasil, está no nosso DNA. É um ativo cultural, que pode representar uma enorme geração de renda, mas com mão-de-obra extremamente mal utilizada devido a esse gargalo de produção”, observa Cristina. A galeria terá trabalhos elaborados por artesãos de diversos estados brasileiros, como o macramê (técnica de tecelagem manual) do Ceará, que, segundo Cristina Franco, tem sido utilizado em larga escala na moda (em coleções de Dior, por exemplo). Trabalhos com rendas e bordados, entre outros, também farão parte da exposição.
Novos Estilistas
A Conexão, de Gabriela Mazepa, participará pela primeira vez do Senac Rio Fashion Business. Trata-se de uma parceria entre uma estilista brasileira e uma indústria têxtil do Sri Lanka, no sul da Ásia. As roupas são confeccionadas apenas com resíduos têxteis (roupas novas com pequenos defeitos, excesso de produção ou peças não comercializadas de coleções passadas). Malha de alta qualidade (de marcas com nomes de peso no mercado) que, caso não fosse utilizada pelo projeto Conexão, seria queimada. As peças passam por um intenso processo de transformação, que inclui não somente a criatividade da designer, mas o compromisso da empresa em fornecer matéria-prima e mão-de-obra de qualidade. Um grupo de costureiras e uma área especializada para produção foram criados em Colombo, capital do Sri Lanka. Lá, a estilista passa alguns meses do ano, separando matéria-prima e ensinando o grupo de costureiras a transformar essas roupas em peças novas. Cada peça da coleção é produzida em série e em várias cores diferentes, porém em edições limitadas, dependendo do estoque de matéria-prima no momento.
Salão Tech: tecnologia a serviço do lojista
O que há de mais moderno em tecnologia de produtos e serviços será apresentado no Salão Tech do Senac Rio Fashion Business. Numa área exclusiva de dois mil metros quadrados, os expositores mostrarão a compradores e lojistas as novas tendências do comércio. É a tecnologia de ponta a serviço do lojista e das confecções.
Uma das novidades que promete sucesso nesta edição é o ventilador de teto “verde” Solar Star, da Naturalux, que funciona à base de energia solar como ventilador e exaustor para montagem em telhados, sem custo de energia. Instalado no ponto mais alto (local mais eficaz) do teto, promove a circulação do ar e a ventilação do ambiente, transformando residências e indústrias em um ambiente confortável.
Energizado por um painel solar de dez watts de potência, o ventilizador “verde”reduz o acúmulo de calor, os custos com ar-condicionado, combate à deterioração do ambiente por fungos e reduz custos com aquecimento, entre outras vantagens. A Naturalux também oferece o Solatube, sistema de iluminação natural composto por tubos de alumínio e difusores que captam, transferem e difundem a luz solar externa para ambientes internos. Cerca de um milhão de unidades já foram instaladas em mais de 50 países.
A Ledco mostrará painéis de LEDs, que funcionam como um backlight, com oito milímetros de espessura. Com ele, o lojista pode colocar sua publicidade de maneira elegante, econômica e ecologicamente correta. A Natural Fashion, por sua vez, lançará sua nova coleção verão 2012 em tecido de algodão orgânico colorido naturalmente, totalmente sustentável e antialérgico. O produto também é socialmente responsável, pois inclui grupos de agricultores e artesãos na cadeia produtiva.
Entre os vários fabricantes de manequins está a Fabrik Ind, que estreia no Salão Tech estimando um aumento de 40% nas vendas em consequência do evento. Seus modelos exclusivos de manequins, displays e cabides são inovadores, confeccionados com fiber glass de última geração, adicionado à resina de poliéster saturado (maior flexibilidade), com acabamento em nitocelulose, o que aumenta a proteção do manequim diante de temperaturas e luminosidade excessivas. A Fabrik Ind também oferece manequins infantis articulados Flexkids em aço de carbono galvanizado, os únicos de acordo com a norma da ABNT (idade=tamanho).
A Palmetal, fabricante de móveis em aço inox de alto design, inova com o conceito de ecodesign em suas araras, cabideiros, cadeiras etc. Confeccionados em aço inox com matéria-prima 100% reciclável, os produtos da marca Alezzia podem agregar detalhes em madeira de reflorestamento, com certificação FSC (Forest Stewardship Council). A Legas Metais apresentará uma estante de metal autoportante, que pode ser colocada na vitrine, no meio da loja ou encostada às laterais, sem a necessidade de furar a parede. Para lojistas do litoral, a Legas sugere os cabideiros e dispositores para roupas e acessórios em alumínio, mais resistentes à maresia.
Cenografia
Para simbolizar cenograficamente a capacidade de adaptação à transformação do mundo, cores alegres, bambus e outras plantas foram escolhidos como elementos-chave da decoração desta edição do evento. Já na entrada, um túnel de bambu recebe visitantes e empresários. A ideia é chamar a atenção para os muitos usos dessa planta. Nas paredes, o musgo representa a importância do convívio com a natureza. “O bambu adquire formas de plástico, papel e madeira. Pode ser usado em gastronomia, design e arquitetura, mas precisa ser colhido na lua e no mês certos. O bambu e o colorido alegre, tipicamente brasileiro, na cenografia do Senac Rio Fashion Business ressaltam a importância do uso consciente e do respeito aos produtos regionais tão versáteis do nosso país”, explica Eloysa.